“ O SONHO DO
TAPETEIRO “
Por entre as malhas largas do tempo, vai
passando lesta a agulha do querer, conduzida pela mão firme do tapeteiro, num
labor harmonioso, bordando com fios de esperança o tecido da vida. Na teia onde
se insere, vai entre-cruzando vontades e, aos poucos, suavemente, a tela que
antes se lhe deparara rudemente despida, vai aveludando, à medida que os fios
se vão aconchegando, como que impelidos por uma consciência amadurecida.
Ponto
a ponto vai crescendo a trama, tomando forma o desenho que vai surgindo em tons
de anil, sob a forma temática de “Flores
da Babilónia” ou “Rosas de Alexandria”,até
emergir , completo e soberbo, emoldurado de franjas douradas ,o TAPETE (qual
produto de Lâmpada de Aladino ) que em sonho o transporta , de Arraiolos ao
Cairo , à Pérsia, à Índia, regressando de súbito à realidade , fazendo-o sentir
que ,através do sonho ,reconquistou a esperança de construir o destino com as
suas mãos , como aquele TAPETE ,que um dia , em sonho ,lhe iluminou os caminhos
da vida.
Cascais
1997
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