terça-feira, 26 de fevereiro de 2019


      
 A ALMA NÃO CHORA


                     Não sei por que me apetece,
                     escrever para ti hoje,
                     agora;
                     Quando o ânimo desfalece
e a razão já tão longe    
mora .
Sinto que tudo se esvai
pelos  atalhos do tempo ,
porém ,
A alma não cai
Presa nas asas  do vento
contém .
Forças do choro guardado
Em reservas de  incerteza
ansiosa ,
Aonde o amor mergulhado
Resiste em sua pureza ,
conquanto ,
Pulse um lamento
Breve como é a hora ,
levanto ,
Os olhos ao vento
Vejo que a alma não chora .

Cascais,25 de Setembro 2014
  Joaquim  Pires  Isqueiro









Camilo Sesto - Quieres Ser Mi Amante

quinta-feira, 20 de agosto de 2015



“ OS PSEUDO - HIPOTÉTICOS “

Pintam a vida com laivos de tinta que furtam entre os restos deixados por quem a usa com o verdadeiro sentido de criar, de abrir caminhos, iluminar ideias , sem outra intenção que não seja a de resplandecer o querer, evidenciar realidades, subjectivar felicidades, amenizar tristezas ou mesmo inverter valores tortuosos, opacos, empedernidos, alertando para um caminhar mais consequente e despojado de mesquinhez.
E em regra, não notam como borram a pintura, apenas apreciada por incautos “entendedores” que os seguem e enaltecem, à sombra da falsidade fermentada que comungam.
São profetas da salvação das almas, da distribuição do amor, semeadores de ventos de bonança com salpicos de malvasia, autênticos criadores do “Elixir da Felicidade”, em formato cultural de virtuais “Bordas-d’água “, com o fundamento científico da “Banha da Cobra” dos tempos modernos.
Enfim, não vêem o ridículo de que se cobrem, porque a esmagadora maioria da gente de hoje, ignora-os e deixa-os a nadar em seco, numa penosa e frustrante masturbação intelectual.
Atravessa-os uma barra invisível que lhe reforça o “ego” e lhe serve de suporte para se afirmarem transversais, permitindo-lhe comportarem-se como se fossem eles próprios o “Eixo da Terra”.
Assim se imaginam e em conformidade se comportam.
Abençoados! - Deles será um dia o reino de todos os céus, quando para o seu etéreo espaço forem remetidos, aureolados com diadema de papel pardo entrelaçado, em forma de “réstia de alhos” .
Entretanto, vão moendo a paciência de quantos, piedosamente os toleram e, iludindo outros tantos que ingenuamente lhe dão crédito.
Acoitados em alvares sorrisos, perfumados por essências falsificadas, cobertos por luzidia brilhantina e camalhões de Pó-de-Arroz amarelado (quando expostos à luz), não se dão conta do ridículo e por isso se pavoneiam, sem repararem nas nódoas da gravata nem nas quedas do nó da mesma, por não ser desfeito, de uma vez para outra, do desadequado uso.
Alinham no circunstancial “politicamente correcto”, sempre procurando ventos favoráveis que lhe permitam “navegar à bolina”, ora sorrindo melosos, ora olhando acutilantes e reprovativos, conforme a importância dos cenários, por eles próprios classificados.
Mais do que Lixo Tóxico, são veneno e, pelo vistos, imunes porque nada lhes acontece quando mordem a língua _ que se saiba _ e não consta que tenham a natureza e a postura dos “lacraus”, talvez porque a sua consciência tenha sido uma couve e algum incauto burro a tivesse comido.
Quem quiser, que os identifique; mesmo que apenas para diversão, que outro interesse não poderão despertar, no seu mal conseguido intento de falhados “arlequins”;mas não me peçam para eu dar mais dados de caracterização ou pormenor.Acho suficientes as características que enuncio, visíveis à mera pesquisa a olho nu ou de qualquer lente de “zero dioptrias”.
Hão-de reconhecer algum, como diz um anúncio publicitário:“ Aí, num lugar perto de si”
Não fora o magnânimo desprezo que lhes voto, chamar-lhe-ia com semelhante sentimento de bondosa indiferença, “Os pseudo - hipotéticos”
Agosto de 2015.
  joaquimporquesim

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

6 de Julho de 2012

Uma amiga,pediu-me um comentário,offline,mas depois pediu-me para o publicar aqui,sem dizer o propósito,nem a que se referia.Foi o que fiz respeitando o seu pedido. A DOR, O LUTO, A SAUDADE, O TEMPO …

A nossa natureza não é mórbida, mas é moldada pela educação e pela cultura. Por boa ou má administração de uma e pela boa ou má obtenção da outra.
É por isso emergente, entre as comunidades, um conjunto de ”sentires” (sentimentos).
Primeiro, em forma de fumo leve que vai engrossando progressivamente, tornando-se num turbilhão que vai trespassando, reciprocamente, todos e cada um, até se tornar num denso nevoeiro, que a todos envolve quase por igual. Aí, germinam e desenvolvem-se, estados de alma, condensados entre as pessoas, amalgamados até, tocando ao mesmo tempo e pressionando, cabeças em desorganização, por vezes com estados de natureza muito diferenciada.
Assim, germina, cresce, paira e instala-se entre nós, uma espécie de força magnética que nos apanha e condiciona, gerindo e distribuindo, fragmentos de pensamentos, com predomínio dos mais pesados e depressivos, tornando-os dominantes e levando a que, até as mentes mais arrumadas, venham a ser afectadas, por ficarem quase sem espaço, para captarem ondas mais positivas.
Isto, torna-se um círculo vicioso, rolando pelo tempo, paralelamente aos novos acontecimentos, com eles se misturando e, não raro, relegando-os para segundo plano, por forma a fazer-nos viver com mais intensidade, acontecimentos passados e irreversíveis, em detrimento do que se nos depara para resolver no presente.
Sem qualquer base formativa e muito menos científica, parece-me ter alguma vivência que me permita observar e ter opinião sobre qualquer assunto, mesmo que possa ser uma visão distorcida.
Alguém, com capacidade ou não, me possa corrigir e ensinar, melhor forma de entender estas questões. Por enquanto, penso que, a dor, é incontornável, nada podemos fazer para não a sentir, quando nos atinge, a não ser minimizá-la, como é normal, humano e mesmo inevitável. Para isso existe, o luto, esse sim, variável conforme nossa vontade e capacidade, que deverá aliviar progressivamente a dor, transformando-a em saudade que, por sua vez, se tornará positiva, passando a recordação que se gosta de ter, em vez de morbidez recalcada, sistematicamente usada, normalmente para auto-justificar nossas fraquezas ou atitudes que receemos possam ser “condenadas” por terceiros ou pela sociedade em geral .
Por fim, o tempo: _ Bem, esse não passa, fica. Nos é que passamos por ele como por um ecrã e, quando desaparecermos, nada levaremos de lembrança, penso eu…!
Cascais, Julho de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012




               A   FALA   DOS   POETAS”




A força das palavras dos poetas,
Vem-lhe da alma, ou seja donde for,
Às vezes cravos, rosas, violetas,
Às vezes fruto, de parto com dor.

Sempre moldadas de finas arestas,
Deixam no éter um rasto, um odor,
São concebidas e nascem completas,
Dum acto assumido com raiva ou amor.

Ébrias , felizes, rasgando as alturas,
Esculpidas, mas livres, mordazes, mas puras,
 Voando bem longe com asas de vento;


Breves, duradouras, como as amarguras,
Ávidas de sonhos, beijos e ternuras.
Esvaem-se ou ficam, como o sentimento.

                                                                          13 Outubro 2012
                                                                        Joaquim Isqueiro

quarta-feira, 26 de setembro de 2012



        “ F E D E R “


Na minha aldeia vivia,
Um estranho vagabundo,
Com um ar alucinado;
Ao certo, ninguém sabia,
Como ele encarava o mundo,
Em seu viver desregrado.

Muitas vezes confrontado,
Com gente, dita “normal”,
Mostrava muito saber;
Dentro do fato rasgado,
Surgia o seu porte altivo,
Bem activo, no feder.

Do odor que os outro notam,
Também ele se dá conta,
Sem que isso o incomode;
E sempre que o confrontam,
Ele, eloquente, desmonta:
 _ Quem fede, é porque pode!

Nas tertúlias sociais,
Do presidente da junta,
Do médico, do reverendo;
Casamentos, funerais,
Sempre de altiva conduta,
Lá comparece fedendo.

Aquela estóica figura,
Inocente e convencida,
Como se um cargo exercesse;
Na actual conjuntura,
Que importância a sua vida,
Teria se não fedesse!?...


                       Cascais , Dezembro 2011
                             Joaquim Isqueiro
          "GRITO DA  ALMA"http://romao-da-barca.blogspot.com
      Hoje,não sei o que dizer.Uma forte vontade de não falar,um enorme desejo de gritar,porém,fico calado quase mudo,sem mesmo um suspiro,sem um ai de desalento que já o peito não tem ou está fechado dentro de si,preso pelo peso do desejo estropiado.
        _ Ai !.. Digo por fim. _ Ai!...Digo outra vez. E não digo mais nada que não quero regras ,nem muito menos , regras desregradas,como aquela que diz,que não há duas sem três.
       _ Pois é !...Ouço sempre dizer quem nada quer falar.
       _ É verdade! _Dizem-me quando não concordam mas não me querem contrariar...e eu que isto sei,ainda tenho a falta de vergonha de fingir que não entendo.
       _ Porra p'ra isto !!!...Grito quase irritado,  _estranhamente,porque nem mesmo muito irritado,digo porra _  mas depressa me acalmo e aguardo,pela douta opinião dos que mandatámos para pensarem e decidirem por nós.
Fico em silêncio profundo como uma alma que tivesse vindo de outro mundo, e aguado,aguardo como se estivesse emboscado no campo à espera da peça de caça,do mesmo modo que o perdigueiro fica "amarrado" à dita.
         A campainha do meu fiel relógio de sala,anuncia mais suavemente que o costume e eu conto mentalmente:  _ Uma,duas,três.Só então me apercebo que não estou à espera de nada e mesmo que estivesse,nada sairia de novo de quem nada tem para dizer, que justifique a razão por que nos suga o suor ,ou o seu fruto,o sangue ou o seu efeito e que, do que obtém como produto,nunca fica satisfeito.
        Noto que me ardem os olhos,mas não é vontade de chorar,é raiva,por ter ainda acreditado que alguma coisa havia a esperar...