segunda-feira, 5 de março de 2012


                              “ O SONHO DO TAPETEIRO “





 Por entre as malhas largas do tempo, vai passando lesta a agulha do querer, conduzida pela mão firme do tapeteiro, num labor harmonioso, bordando com fios de esperança o tecido da vida. Na teia onde se insere, vai entre-cruzando vontades e, aos poucos, suavemente, a tela que antes se lhe deparara rudemente despida, vai aveludando, à medida que os fios se vão aconchegando, como que impelidos por uma consciência amadurecida.
Ponto a ponto vai crescendo a trama, tomando forma o desenho que vai surgindo em tons de anil, sob a forma temática de “Flores da Babilónia” ou “Rosas de Alexandria”,até emergir , completo e soberbo, emoldurado de franjas douradas ,o TAPETE (qual produto de Lâmpada de Aladino ) que em sonho o transporta , de Arraiolos ao Cairo , à Pérsia, à Índia, regressando de súbito à realidade , fazendo-o sentir que ,através do sonho ,reconquistou a esperança de construir o destino com as suas mãos , como aquele TAPETE ,que um dia , em sonho ,lhe iluminou os caminhos da vida.


                                                                                
                                                    Cascais 1997