quarta-feira, 26 de setembro de 2012



        “ F E D E R “


Na minha aldeia vivia,
Um estranho vagabundo,
Com um ar alucinado;
Ao certo, ninguém sabia,
Como ele encarava o mundo,
Em seu viver desregrado.

Muitas vezes confrontado,
Com gente, dita “normal”,
Mostrava muito saber;
Dentro do fato rasgado,
Surgia o seu porte altivo,
Bem activo, no feder.

Do odor que os outro notam,
Também ele se dá conta,
Sem que isso o incomode;
E sempre que o confrontam,
Ele, eloquente, desmonta:
 _ Quem fede, é porque pode!

Nas tertúlias sociais,
Do presidente da junta,
Do médico, do reverendo;
Casamentos, funerais,
Sempre de altiva conduta,
Lá comparece fedendo.

Aquela estóica figura,
Inocente e convencida,
Como se um cargo exercesse;
Na actual conjuntura,
Que importância a sua vida,
Teria se não fedesse!?...


                       Cascais , Dezembro 2011
                             Joaquim Isqueiro
          "GRITO DA  ALMA"http://romao-da-barca.blogspot.com
      Hoje,não sei o que dizer.Uma forte vontade de não falar,um enorme desejo de gritar,porém,fico calado quase mudo,sem mesmo um suspiro,sem um ai de desalento que já o peito não tem ou está fechado dentro de si,preso pelo peso do desejo estropiado.
        _ Ai !.. Digo por fim. _ Ai!...Digo outra vez. E não digo mais nada que não quero regras ,nem muito menos , regras desregradas,como aquela que diz,que não há duas sem três.
       _ Pois é !...Ouço sempre dizer quem nada quer falar.
       _ É verdade! _Dizem-me quando não concordam mas não me querem contrariar...e eu que isto sei,ainda tenho a falta de vergonha de fingir que não entendo.
       _ Porra p'ra isto !!!...Grito quase irritado,  _estranhamente,porque nem mesmo muito irritado,digo porra _  mas depressa me acalmo e aguardo,pela douta opinião dos que mandatámos para pensarem e decidirem por nós.
Fico em silêncio profundo como uma alma que tivesse vindo de outro mundo, e aguado,aguardo como se estivesse emboscado no campo à espera da peça de caça,do mesmo modo que o perdigueiro fica "amarrado" à dita.
         A campainha do meu fiel relógio de sala,anuncia mais suavemente que o costume e eu conto mentalmente:  _ Uma,duas,três.Só então me apercebo que não estou à espera de nada e mesmo que estivesse,nada sairia de novo de quem nada tem para dizer, que justifique a razão por que nos suga o suor ,ou o seu fruto,o sangue ou o seu efeito e que, do que obtém como produto,nunca fica satisfeito.
        Noto que me ardem os olhos,mas não é vontade de chorar,é raiva,por ter ainda acreditado que alguma coisa havia a esperar...