terça-feira, 16 de outubro de 2012




               A   FALA   DOS   POETAS”




A força das palavras dos poetas,
Vem-lhe da alma, ou seja donde for,
Às vezes cravos, rosas, violetas,
Às vezes fruto, de parto com dor.

Sempre moldadas de finas arestas,
Deixam no éter um rasto, um odor,
São concebidas e nascem completas,
Dum acto assumido com raiva ou amor.

Ébrias , felizes, rasgando as alturas,
Esculpidas, mas livres, mordazes, mas puras,
 Voando bem longe com asas de vento;


Breves, duradouras, como as amarguras,
Ávidas de sonhos, beijos e ternuras.
Esvaem-se ou ficam, como o sentimento.

                                                                          13 Outubro 2012
                                                                        Joaquim Isqueiro

quarta-feira, 26 de setembro de 2012



        “ F E D E R “


Na minha aldeia vivia,
Um estranho vagabundo,
Com um ar alucinado;
Ao certo, ninguém sabia,
Como ele encarava o mundo,
Em seu viver desregrado.

Muitas vezes confrontado,
Com gente, dita “normal”,
Mostrava muito saber;
Dentro do fato rasgado,
Surgia o seu porte altivo,
Bem activo, no feder.

Do odor que os outro notam,
Também ele se dá conta,
Sem que isso o incomode;
E sempre que o confrontam,
Ele, eloquente, desmonta:
 _ Quem fede, é porque pode!

Nas tertúlias sociais,
Do presidente da junta,
Do médico, do reverendo;
Casamentos, funerais,
Sempre de altiva conduta,
Lá comparece fedendo.

Aquela estóica figura,
Inocente e convencida,
Como se um cargo exercesse;
Na actual conjuntura,
Que importância a sua vida,
Teria se não fedesse!?...


                       Cascais , Dezembro 2011
                             Joaquim Isqueiro
          "GRITO DA  ALMA"http://romao-da-barca.blogspot.com
      Hoje,não sei o que dizer.Uma forte vontade de não falar,um enorme desejo de gritar,porém,fico calado quase mudo,sem mesmo um suspiro,sem um ai de desalento que já o peito não tem ou está fechado dentro de si,preso pelo peso do desejo estropiado.
        _ Ai !.. Digo por fim. _ Ai!...Digo outra vez. E não digo mais nada que não quero regras ,nem muito menos , regras desregradas,como aquela que diz,que não há duas sem três.
       _ Pois é !...Ouço sempre dizer quem nada quer falar.
       _ É verdade! _Dizem-me quando não concordam mas não me querem contrariar...e eu que isto sei,ainda tenho a falta de vergonha de fingir que não entendo.
       _ Porra p'ra isto !!!...Grito quase irritado,  _estranhamente,porque nem mesmo muito irritado,digo porra _  mas depressa me acalmo e aguardo,pela douta opinião dos que mandatámos para pensarem e decidirem por nós.
Fico em silêncio profundo como uma alma que tivesse vindo de outro mundo, e aguado,aguardo como se estivesse emboscado no campo à espera da peça de caça,do mesmo modo que o perdigueiro fica "amarrado" à dita.
         A campainha do meu fiel relógio de sala,anuncia mais suavemente que o costume e eu conto mentalmente:  _ Uma,duas,três.Só então me apercebo que não estou à espera de nada e mesmo que estivesse,nada sairia de novo de quem nada tem para dizer, que justifique a razão por que nos suga o suor ,ou o seu fruto,o sangue ou o seu efeito e que, do que obtém como produto,nunca fica satisfeito.
        Noto que me ardem os olhos,mas não é vontade de chorar,é raiva,por ter ainda acreditado que alguma coisa havia a esperar...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

 Pausa no Trabalho
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terça-feira, 22 de maio de 2012


“ANTES QUE MAIO FINDE “

















Antes que acabe Maio
E a força se esmoreça,
Calada nas gargantas ressequidas,
Façamos um poema da palavra
Crença,
Que perdure além das nossas
Vidas.


Antes que Maio termine
E sequem as flores,
Carentes da brisa amena duradoura,
Cantemos a canção dos ventos
Redentores,
Que traga a luz clara em cada
Aurora.


Antes que Maio acabe
E nos retome a mágoa,
Das ânsias e tristezas assumidas,
Gritemos como um rio na queda
D’água ,
Para que ecoem esperanças
Renascidas.


                 Cascais, 15 de Maio 2012
                        Joaquim Isqueiro

segunda-feira, 5 de março de 2012


                              “ O SONHO DO TAPETEIRO “





 Por entre as malhas largas do tempo, vai passando lesta a agulha do querer, conduzida pela mão firme do tapeteiro, num labor harmonioso, bordando com fios de esperança o tecido da vida. Na teia onde se insere, vai entre-cruzando vontades e, aos poucos, suavemente, a tela que antes se lhe deparara rudemente despida, vai aveludando, à medida que os fios se vão aconchegando, como que impelidos por uma consciência amadurecida.
Ponto a ponto vai crescendo a trama, tomando forma o desenho que vai surgindo em tons de anil, sob a forma temática de “Flores da Babilónia” ou “Rosas de Alexandria”,até emergir , completo e soberbo, emoldurado de franjas douradas ,o TAPETE (qual produto de Lâmpada de Aladino ) que em sonho o transporta , de Arraiolos ao Cairo , à Pérsia, à Índia, regressando de súbito à realidade , fazendo-o sentir que ,através do sonho ,reconquistou a esperança de construir o destino com as suas mãos , como aquele TAPETE ,que um dia , em sonho ,lhe iluminou os caminhos da vida.


                                                                                
                                                    Cascais 1997                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

" MENSAGEM SEM DESTINATÁRIO "

    " MENSAGEM SEM DESTINATÁRIO "


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 ........................................................................................................................



         Muito tinha ainda para te dizer, mas  a convicção  de ser quase inútil, uma conversa , que pouco mais resultado teria do que um diálogo de surdos, faz com que reduza  
esta mensagem, quanto mo permita o poder de síntese, convencido também do pouco  eco que  ela produzirá na abóbada convexa do teu  entendimento .
        Nem por isso deixo de ousar dirigir-te algumas palavras , por este meio , na  esperança de    que, desta forma ,possa ao menos alinhavar algumas reflexões ,sem que tu me distorças a escrita como o fazes com as conversas que poucas vezes temos .
         Muito diferentes são  as razões que nos movem como diferentes serão as intenções que  temos ou ainda , os sentimentos que nos dominam ,que apenas  saliento  sem a intenção preconceituosa  de qualificar os meus como mais certos ,tarefa ,em que és exímia e,aliás,              executas com grande mestria ,unilateral sentido e a convicção inabalável de que o Sol ,só uma sombra projecta na Terra :  -A tua ...!
         Não fora alguma reserva de maturidade amealhada ao longo dos anos ,por observações e contactos, estaria certamente à beira de um  desequilíbrio  emocional ,motivado pela enorme estranheza que os teus comportamentos  me causam .Fastidioso  para ti ,para mim penoso ,seria
enumerá-los ou exemplificar para demonstração do que digo, além de escabroso e contrário aos  princípios morais por que me pauto .Por isso deixo ao arbítrio da tua  introspecção a eventual qualificação crítica de tais comportamentos e procedimentos .Para mim reservarei ,por enquanto ,o que penso e sinto ,até que o tempo se encarregue de exorcizar complexos de culpa,  
tristezas e um enorme arrependimento, por ter cedido, em fase de fragilidade emocional, a tão
patético encantamento . Resta-me a sólida  convicção de não  ter usado qualquer premeditação .
Nesta certeza , radica a tranquilidade da minha consciência que afasta a tendência  de ,         sistematicamente ,  me vitimar como perfeito imbecil .Acredito que serei capaz de encontrar
o sossego  em conjugação com o sereno fluir do tempo e espero que ele me mostre com clareza ,
quão pérfidos e erráticos, eram os meus pensamentos sobre ti .Saberei então conformar-me
e encontrar na  auto - penalizarão o justo castigo por não ter sabido merecer-te .Porém ,não
me arrependerei ;antes  sentirei  felicidade por ter contribuído para melhor te livrares de mim e poderes prosseguir  serenamente o destino que sempre quiseste construir.



                        

           Borboleta descuidada que se afoita
                a voar por sobre o mar  como Gaivota
                  sem ouvir a voz do vento que a açoita :
              “ Quem  voar  ao infinito  já não volta ! “


                                                                15  de Janeiro  de  2005

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

"INCONTROVERSO "

“ INCONTROVERSO “



Serei o verbo conjugado em nós,
Para me dar em todos, como em ti ?


Serei maior que o eu articulado,
Pela regra do querer do “ego” gasto ,
 Na fala de quem pensa e nada diz ?


Na dúvida dou por mim incontroverso,
Andando entre bermas sem desvio,
Na linha entre o que penso e o que digo;
Alheio aos duros escolhos onde tropeço,
Às cegas, venço o espaço do vazio,
Na ânsia do encontro a ter contigo.


                                Cascais, 01 de Fevereiro de 2012
                                          Joaquim Isqueiro

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012



Mãe nossa…

Doze de Fevereiro de 2012.

Terá sido um dia igual a tantos outros para muitos; diferente, para outros tantos, especial para alguns, feliz para outros, triste também, para muitos. Terá sido - foi certamente que os dias são todos assim -, com diversas cores, luminosos, escuros, conforme se apresentam a cada um ou como cada um os vê. Seja! Sempre assim foi, sempre assim será. Mas, a cada um caberá vivê-los com as emoções que tiver disponíveis ou as que lhe forem sendo fornecidas pelos acontecimentos, ou até com as que, dentro de si próprio for criando, por força, sabe-se lá de que desígnios.
 Para mim, este foi um dia marcadamente triste. Só comparável a outros dois, pela profundidade da tristeza, não por qualquer escala de valores, mas pela marca que deixa, real, sentimental, afectiva, dorida, inexplicável, inconformada e inapelável na forçosa aceitação do rótulo de “naturalidade”, como parece ser entendido o desaparecimento físico de alguém, quando cumpre longo percurso de vida.
Poderá ser assim, mas nada nem ninguém nos convence, intimamente, da naturalidade de se perder quem nos deu a vida, nos criou e nos acompanhou e protegeu em permanente relacionamento de amor durante toda a sua vida.
Assim foi comigo. Esperado?  -  Poder-se-á dizer que sim, mas com escrúpulo, porque não parece de bom tom esperar-se por tão drástico desfecho, no sossego da alma ou na pendular bonomia do respirar dos dias. Talvez a justificação do cumprimento de um destino, aceite e entendido como tal, após a sua consumação para cuja previsão nos falta capacidade e reserva de razão. E, ainda bem ;porque podemos ,baseados nessa incapacidade, aliviar a consciência de pesos que um eventual conhecimento dos mistérios que envolvem a vida, nos ficariam para sempre como dor de alma .
 O nosso adeus foi sereno como serena foi a tua partida, querida Mãe, porque acreditamos que descansas eternamente e em paz e viverás sempre na nossa lembrança.

                                                               Cascais, 2012-02-22
                                                                         Joaquim Isqueiro

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

domingo, 19 de fevereiro de 2012



                                           A ALMA NÃO CHORA
                                           



                           Não sei por que me apetece
Escrever para ti hoje,                                                                          agora ;
Quando o ânimo desfalece
e a razão já tão longe    
mora .
Sinto que tudo se esvai
pelos  atalhos do tempo ,
porém ,
A alma não cai
Presa nas asas  do vento
contém .
Forças do choro guardado
Em reservas de  incerteza
ansiosa ,
Aonde o amor mergulhado
Resiste em sua pureza ,
conquanto ,
Pulse um lamento
Breve como é a hora ,
levanto ,
Os olhos ao vento
Vejo que a alma não chora .  
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 Cascais , 25 de Setembro 2004    

                          Joaquim Pires Isque iro                                             

sábado, 18 de fevereiro de 2012