quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012



Mãe nossa…

Doze de Fevereiro de 2012.

Terá sido um dia igual a tantos outros para muitos; diferente, para outros tantos, especial para alguns, feliz para outros, triste também, para muitos. Terá sido - foi certamente que os dias são todos assim -, com diversas cores, luminosos, escuros, conforme se apresentam a cada um ou como cada um os vê. Seja! Sempre assim foi, sempre assim será. Mas, a cada um caberá vivê-los com as emoções que tiver disponíveis ou as que lhe forem sendo fornecidas pelos acontecimentos, ou até com as que, dentro de si próprio for criando, por força, sabe-se lá de que desígnios.
 Para mim, este foi um dia marcadamente triste. Só comparável a outros dois, pela profundidade da tristeza, não por qualquer escala de valores, mas pela marca que deixa, real, sentimental, afectiva, dorida, inexplicável, inconformada e inapelável na forçosa aceitação do rótulo de “naturalidade”, como parece ser entendido o desaparecimento físico de alguém, quando cumpre longo percurso de vida.
Poderá ser assim, mas nada nem ninguém nos convence, intimamente, da naturalidade de se perder quem nos deu a vida, nos criou e nos acompanhou e protegeu em permanente relacionamento de amor durante toda a sua vida.
Assim foi comigo. Esperado?  -  Poder-se-á dizer que sim, mas com escrúpulo, porque não parece de bom tom esperar-se por tão drástico desfecho, no sossego da alma ou na pendular bonomia do respirar dos dias. Talvez a justificação do cumprimento de um destino, aceite e entendido como tal, após a sua consumação para cuja previsão nos falta capacidade e reserva de razão. E, ainda bem ;porque podemos ,baseados nessa incapacidade, aliviar a consciência de pesos que um eventual conhecimento dos mistérios que envolvem a vida, nos ficariam para sempre como dor de alma .
 O nosso adeus foi sereno como serena foi a tua partida, querida Mãe, porque acreditamos que descansas eternamente e em paz e viverás sempre na nossa lembrança.

                                                               Cascais, 2012-02-22
                                                                         Joaquim Isqueiro

Sem comentários: