quarta-feira, 26 de setembro de 2012



        “ F E D E R “


Na minha aldeia vivia,
Um estranho vagabundo,
Com um ar alucinado;
Ao certo, ninguém sabia,
Como ele encarava o mundo,
Em seu viver desregrado.

Muitas vezes confrontado,
Com gente, dita “normal”,
Mostrava muito saber;
Dentro do fato rasgado,
Surgia o seu porte altivo,
Bem activo, no feder.

Do odor que os outro notam,
Também ele se dá conta,
Sem que isso o incomode;
E sempre que o confrontam,
Ele, eloquente, desmonta:
 _ Quem fede, é porque pode!

Nas tertúlias sociais,
Do presidente da junta,
Do médico, do reverendo;
Casamentos, funerais,
Sempre de altiva conduta,
Lá comparece fedendo.

Aquela estóica figura,
Inocente e convencida,
Como se um cargo exercesse;
Na actual conjuntura,
Que importância a sua vida,
Teria se não fedesse!?...


                       Cascais , Dezembro 2011
                             Joaquim Isqueiro

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